Barroco
no Brasil
O Barroco no Brasil tem início no final do século
XVII. No país, essa tendência artística teve grande destaque na arquitetura,
escultura, pintura e literatura.
Na
literatura, o marco inicial do barroco é a publicação da obra “Prosopopeia”
(1601) de Bento Teixeira. Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi, sem
dúvida, um dos maiores artistas barrocos brasileiros.
Contexto Histórico: Resumo
Foi
durante o período colonial que o barroco floresceu no Brasil. A capital
Salvador foi transferida para o Rio de Janeiro e, com isso, o número de
habitantes aumentou consideravelmente no país.
Aliado a
exploração de ouro, que passou a ser a principal atividade econômica
desenvolvida, o aumento da população propiciou um forte desenvolvimento
econômico.
Com a
queda das exportações de açúcar nordestino no mercado consumidor mundial, têm
início o chamado "ciclo do ouro". Nesse período, Minas Gerais passou
a ser o grande foco, tendo em conta as jazidas encontradas no local.
Foi ali
que a arte barroca mineira começou a despontar com Aleijadinho na escultura e
arquitetura, e o Mestre Ataíde, na pintura
Características do Barroco no Brasil
As
principais características do barroco literário brasileiro são:
·
Linguagem
dramática;
·
Racionalismo;
·
Exagero e
rebuscamento;
·
Uso de
figuras de linguagem;
·
União do
religioso e do profano;
·
Arte
dualista;
·
Jogo de
contrastes;
·
Valorização
dos detalhes;
·
Cultismo
(jogo de palavras);
·
Conceptismo
(jogo de ideias).
Principais autores e obras do Barroco no Brasil
Os
principais autores e obras escritas no Brasil são:
1. Bento Teixeira (1561-1618)
Nascido
no Porto, Portugal, Bento Teixeira é o autor da obra “Prosopopeia”
(1601), que inaugura o movimento do barroco literário no Brasil. Esse poema épico
com 94 estrofes exalta a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro
donatário da capitania de Pernambuco.
2. Gregório de Matos (1633-1696)
Nascido
em Salvador, Gregório de
Matos foi
um dos maiores representantes da literatura barroca no Brasil. Sua obra reúne
mais de 700 textos de poemas líricos, satíricos, eróticos e religiosos. Parte
de suas poesias ironizava diversos aspectos da sociedade e, por isso, ficou
conhecido como “Boca do Inferno”.
3. Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)
Nascido
em Salvador, Manuel Botelho de Oliveira foi o primeiro brasileiro a publicar
versos no estilo barroco. De sua obra poética, destaca-se: “Música do
Parnaso” (1705).
4. Frei Vicente de Salvador (1564-1636)
Nascido
próximo da capital baiana, O Frei Vicente de Salvador foi historiógrafo e o
primeiro prosador do país. Teólogo de formação, estudou na Universidade de
Coimbra e de volta ao Brasil exerceu os cargos de cônego, vigário e
franciscano. De sua obra, destacam-se: “História do Brasil” e “História
da Custódia do Brasil”
5. Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica
(1704-1768)
Nascido
na Bahia, o Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica foi um frade franciscano.
De sua poesia, destacam-se as obras: “Eustáquios” e “Descrição da
Ilha de Itaparica”.
A Arte barroca no Brasil
Minas
Gerais foi o centro mais emblemático do Barroco no Brasil, no entanto, podemos
encontrar influências desse estilo em outros locais do país.
Em Minas
Gerais, além de Aleijadinho, o grande nome da arte barroca mineira, destacam-se
as pinturas do Mestre Ataíde.
É
possível encontrar as obras de Aleijadinho (1730-1814) em diversas cidades
mineiras, tais como: Ouro Preto. Congonhas, São João del-Rei, etc. Ele ficou
conhecido por suas esculturas em pedra-sabão, entalhes em madeira, altares e
igrejas.
Fachada da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto. Obra de Aleijadinho
Também
espalhadas em diversas igrejas coloniais mineiras encontram-se as pinturas de
cores vibrantes do Mestre Ataíde (1762-1830).
"A Virgem entrega o Menino Jesus a Santo
Antônio de Pádua". Detalhe da obra do Mestre Ataíde na Matriz de Santo
Antônio em Ouro Branco.
VÍDEOS COMPLEMENTARES:
Referências bibliográficas:
https://www.todamateria.com.br/barroco-no-brasil/
CEREJA, William Roberto; VIANNA, Carolina Dias. Português
contemporâneo: diálogo, reflexo e uso. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
DE NICOLA, José. Literatura brasileira: das origens aos
nossos dias. São Paulo: Scipione, 2003.
ATIVIDADES
PARA AVERIGUAÇÃO DA APRENDIZAGEM
1. A obra
de Gregório de Matos – autor que se destaca na literatura barroca brasileira –
compreende:
a) poesia
épico-amorosa e obras dramáticas.
b) poesia satírica e contos burlescos.
c) poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.
d) poesia confessional e autos religiosos.
e) poesia lírica e teatro de costumes.
2.
Entre os nomes e características apresentados a seguir, destaque os que podem
ser associados ao Barroco:
1. Cultismo e Conceptismo.
2. Oposição entre mundo material
e mundo espiritual.
3. Padre Antônio Vieira e
Gregório de Matos.
4. Preocupação com a
racionalidade.
5. Gregório de Matos e Basílio da
Gama.
6. Gosto por raciocínios
complexos, desenvolvidos em parábolas e narrativas bíblicas.
a) 1 – 2 – 3 – 6
b) 1 – 2 – 3 – 5
c) 1 – 3 – 4 – 5
d) 2 – 3 – 4 – 6
e) 2 – 4 – 5 – 6
-
TEXTO PARA ANÁLISE:
AOS
AFETOS, E LÁGRIMAS DERRAMADAS NA AUSÊNCIA DA DAMA A QUEM QUERIA BEM
SONETO
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de águas disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido.
Se és fogo como passas bradamente,
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve
ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
3. O Barroco apresenta não apenas
o confronto dos opostos, mas também sua fusão ou aproximação. Como ela pode ser
observada nos versos transcritos?
4. O eu lírico afirma que o Amor
“temperou” sua tirania. De que maneira isso foi feito? Por quê?
5. Leia:
Sermão de Santo Antônio (aos
peixes)
Vós, diz Cristo, Senhor nosso,
falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra,
porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a
corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo
tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta
corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar.
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina;
ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina
que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os
pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa
salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que
dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a
Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir
a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
(Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio, em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf>.)