Escola Estadual Fausto Cardoso
Componente curricular: Educação Física
Ensino Médio
Professora: Grasiela Silva
Data: 08/09/2020
1ª ATIVIDADE
TEXTO 1:
Relação entre mídia e esporte na contemporaneidade
A mídia tem fundamental importância na construção do significado social atribuído ao esporte de maneira geral. Os meios de comunicação não apenas influem na forma como as pessoas atribuem sentido às atividades relacionadas ao campo da Educação Física, como também reflete a visão que tem circulado no espaço público sobre essa temática. Assim, quando paramos para avaliar a maneira como o esporte é enquadrado na mídia, percebemos o significado majoritário que tem circulado sobre ele na cultura em que estamos inseridos.
A importância de propor reflexões sobre esse assunto centra-se no fato de que conceitos geram práticas. Ou seja, a simbologia atrelada à palavra esporte fabrica formas de praticá-lo. Como descreve Mauro Betti (2004), é decisiva "a influência das mídias (em especial a televisão), no direcionamento de tendências da cultura corporal de movimento, com importantes repercussões para a Educação Física, entendida esta tanto como área de conhecimento como de intervenção profissional."
Percebe-se que a sociedade contemporânea tem dado ênfase cada vez maior à propagação de um padrão de beleza que subjuga a diversidade corporal. Rotineiramente, são reforçados parâmetros engessados de beleza física. Nos mais diversos meios sociais, sejam eles abarcados pela visibilidade midiática ou não, tem-se valorizado a busca desenfreada pela manutenção da imagem. Nesse contexto, torna-se cada vez mais fraca a ligação do esporte aos conceitos de saúde, bem-estar, educação ou inclusão social. Na contemporaneidade, ele está muito mais atrelado ao espetáculo, glamour e sucesso. Ou seja, cada vez mais a prática esportiva tem sido mercantilizada e aliada ao consumo em suas mais variadas formas de manifestação.
O pesquisador Werlayne Stuart Soares Leite (2009) descreve esse cenário da seguinte forma: "Podemos perceber que atualmente na mídia há uma predominância quase total do "Esporte Rendimento'' (ou ‘Esporte Espetáculo') em detrimento do ‘Esporte Saúde e/ou Social'. Pouco se vê reportagens falando sobre os benefícios de determinado esporte para a saúde, ou, raramente se vê alguma reportagem falando sobre algum projeto social esportivo e mostrando os benefícios sociais do esporte, como inclusão, integração, socialização, fuga do mundo da criminalidade..."
De acordo com o artigo 6º do código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, parágrafo III, é dever do jornalista, divulgar os fatos e as informações de interesse público. Com base nisso, convém questionar: será que o jornalismo brasileiro tem correspondido a esse dever no que concerne a temáticas relacionadas ao esporte? Tem-se dado prioridade à divulgação de projetos que promovem a inclusão social, saúde e educação pelo esporte? Infelizmente, constata-se uma ênfase muito maior, principalmente por parte do Jornalismo Esportivo, em específico, na espetacularização do esporte. Muitas vezes, as práticas relacionadas à área da Educação Física são esvaziadas de seu valor enquanto ferramenta de promoção da saúde, diminuição da vulnerabilidade social e estabelecimento de sociabilidades.
Neste sentido, o engajamento do Jornalismo com a responsabilidade social atribuída a ele é essencial para que se construa uma sociedade mais consciente acerca dos benefícios que a prática esportiva pode oferecer ao ser humano em dimensão amplamente diversificada. Faz-se necessário ir além da imagem capitalista imposta ao esporte. Questiona-se por fim: que concepção sobre o esporte tem prevalecido na sociedade atual?
Disponível em: http://www.gestaoesporte.com.br/novidade/relacao-entre-midia-e-esporte-na-contemporaneidade
TEXTO 2:
CONSUMO: Consumindo o Esporte – Seus atletas e marcas preferidos estão no seu cotidiano?
Comportamento, consumo, esporte:
Há muito o mundo dos esportes deixou as quadras, campos e pistas e entrou no nosso dia-a-dia. É só olhar para o lado e ver que marcas ligadas a artigos esportivos podem estar no tênis do seu colega de trabalho (e ele não joga tênis), na bolsa de sua amiga ou mesmo na sua camiseta. O consumo de produtos ligados ao esporte tem crescido enormemente a cada ano, assim como a variedade de itens.
Sem muitos problemas, você pode sair de casa usando um perfume da Adidas, ter no pulso um relógio com a marca do Real Madrid Futebol Clube e usar uma camisa da Lacoste. Sim, para os menos avisados, René Lacoste, fundador da grife, foi um tenista francês de ponta nos anos 1920. Apelidado de Aligator, ele usava nos jogos camisas com gola, que logo depois seriam imortalizadas mundo afora com um pequeno crocodilo no peito.
O que une verdadeiramente as pessoas ao consumo do esporte é a paixão. É nela que os executivos de marketing se apoiam para criar, produzir, distribuir e vender em larga escala, apostando nos sentimentos mais puros daqueles que vão dispor seu tempo e dinheiro para consumir produtos ligados ao seu esporte preferido. Isso é viver o esporte mesmo quando ele não está acontecendo. É talvez nesses momentos e orientados pelos impulsos que o mundo do consumo de materiais esportivos nos fisga.
Mas no esporte a boa experiência é fundamental. Aliado à beleza e à qualidade dos produtos, o que as pessoas querem mesmo é prolongar sensações de alegria e euforia que sentiram nos momentos das competições. A aura do vencedor, seja atleta, clube ou seleção, ajuda a construir o império do consumo dos materiais esportivos. Daí a necessidade dos muito bem pagos garotos propagandas para girar as mercadorias.
A recente campanha da lâmina de barbear Mach3, da Gillette, foi encabeçada por quatro dos maiores ídolos de três modalidades. Kaká e Therry Henri do futebol, Roger Federer do tênis e Tiger Woods do Golfe. Marcas como Nike, Adidas, Puma e Reebok brigam até o último dólar (ou euro) por patrocinar as estrelas ascendentes do tênis, do futebol e de outros esportes. Para se ter ideia do peso de um garoto propaganda para o consumo de materiais esportivos, em 2000 o ídolo português Luis Figo trocou o Barcelona pelo arquirrival Real Madrid. Sem perdoar a traição, o Barcelona retirou das prateleiras a camisa com seu nome e ainda fez promoções para os torcedores trocarem suas camisas oficiais de Figo por uma nova, de outro jogador. No Brasil, temos a marca Ayrton Senna, que resiste firme e forte nas mentes e corações dos fãs, que a fazem faturar anualmente R$ 200 milhões, que são revertidos para a educação de crianças carentes.
Outras marcas seguem o caminho contrário, usando as competições para se aproveitarem do prestígio dos atletas. Os fabricantes de relógios de luxo Tag Heuer e Rolex fazem a cronometragem oficial das corridas de Fórmula 1 e de partidas de tênis respectivamente. Outros produtos são ressignificados, como o tênis Converse (no Brasil, conhecidos como All Star graças a uma campanha publicitária encabeçada por Tina Turner). O calçado criado para os jogadores de basquete se tornou obsoleto para as competições, mas não para a moda, que hoje adorna os pés de muita gente mundo afora, em diversos modelos e cores.
Visibilidade:
Na Copa passada muitas marcas esportivas não perderam seu tempo em estampar nos uniformes das seleções suas logomarcas. Dentre todas, a Adidas foi a que teve a sua marca estampada na camisa do maior número de seleções, 12, seguida da Nike, com 9, Puma, 7, e Umbro, Joma, Brooks e Legea, com 1 equipe cada uma, totalizando as 32 seleções que estiveram presentes na África do Sul.
Para muito além da vida útil dos produtos, o consumo de produtos ligados ao esporte segue a lógica do mercado, renovando coleções a começo de cada temporada, desenvolvendo produtos com o surgimento de um novo ídolo e mexendo com todo o mercado a cada novidade tecnológica apresentada. E você, já está pronto para a próxima partida? Ou melhor, compra?