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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Semana da consciência negra ( 1º, 2º e 3º anos) Aula 5 - 2ª unidade

 

Colégio Estadual “Fausto Cardoso”

Disciplina: Física e Matemática                    2ª unidade

Profª Elen Carla

Aula 5 – 18/11/2020 

 

Semana da Consciência Negra

Texto que retrata a discriminação racial contendo dados numéricos

 

Pesquisa constata discriminação racial recorrente no mercado de trabalho

 

Não é só no olhar de discriminação, nas frases que ferem a igualdade racial ou em atitudes desrespeitosas que grupos negros são segregados por sua raça ou cor. O preconceito permeia outras esferas do cotidiano dessa população, que ainda enfrenta dificuldades para ocupar cargos de chefia e comando, ter acesso à educação, a posses e a salários equivalentes aos valores pagos aos brancos. Foi o que ficou evidenciado na semana que se encerrou com um caso emblemático ocorrido na rua, em Belo Horizonte, quando a historiadora e professora Luana Tolentino, que é negra, foi vítima de preconceito racial. Ela foi abordada por uma senhora e questionada se fazia faxina. “Altiva e segura, respondi: Não. Faço mestrado. Sou professora”, descreveu Luana em uma rede social.

O caso chamou a atenção para a forma como a discriminação racial está atrelada ao mundo do trabalho e estabelece estruturas de hegemonia que vinculam negros a postos de serviço subordinados, social e economicamente inferiores. É o que explicam especialistas e mostram dados de institutos de pesquisa. Para se ter ideia, os últimos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o quarto trimestre de 2016, revelaram que a taxa de desemprego permanece maior entre negros e pardos, que também têm salários mais baixos. Na ocasião, a renda média real recebida pelas pessoas ocupadas no país foi estimada em R$ 2.043. O rendimento dos brancos era de R$ 2.660 (acima da média nacional), enquanto o dos pardos ficou em apenas R$ 1.480  e o dos trabalhadores que se declaram pretos esteve em R$ 1.461.

A taxa de desemprego entre os diferentes grupos também confirma o preconceito racial. O índice entre pessoas que se declararam de cor preta ficou em 14,4% no quarto trimestre de 2016, enquanto a taxa entre a população parda foi de 14,1%. Os resultados são maiores que o da média nacional, de 12%, e do que o registrado pela população branca, que teve taxa de desemprego de 9,5% no quarto trimestre de 2016.

          Na avaliação do sociólogo Luiz Chateaubriand, da Superintendência de Estudos Econômicas e Sociais da Bahia, os dados são um resultado da forma como o mercado se estrutura em função das questões de raça e cor. Também analista da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o especialista explica que população negra e parda tem mais dificuldade de obter emprego, mesmo quando tem o mesmo nível de escolaridade e titulação. E que, quando consegue, está sub-representada em postos de comando e chefia ou acesso a bens e propriedades, além de ganhar salários mais baixos do que a população branca.

 

 

Cotas no caminho da mudança



Ao passo que avanços foram alcançados na política de acesso à educação superior, com a  instituição da política que cria cotas para negros em universidades do país, ainda é clara a presença maciça de brancos nessas instituições. Prova disso está na distribuição de vagas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde 42,11% das cadeiras ainda são ocupadas por pessoas que se autodeclararam brancos, contra 8,45% declarados pretos. No ano passado, a universidade atingiu a cota máxima de oferta para pretos, pardos e indígenas que estudaram em escolas da rede pública, ofertando 50% das vagas para essas categorias.

          Ainda assim, ainda há muito o que ser feito na educação, de modo geral, como explica a socióloga Inês Teixeira, professora titular da Faculdade de Educação da UFMG. Segundo ela, “os processos históricos e o imaginário das pessoas ainda colocam o negro em posições permeadas por estereótipos de inferioridade que precisam ser combatidos”. Ela conta que à época da elaboração da pesquisa Memórias e percursos de gerações de professora e estudantes negros da UFMG, da qual participou, há uma década, havia área da UFMG que não tinha nenhum professor negro. “Claro que essa realidade mudou, mais ainda há muito o que ser feito”, avalia.

          A questão é que “a mentalidade escravocrata não está eliminada e ainda é muito forte no sentido de endereçar as pessoas negras para atividades como as domésticas ou outros trabalhos braçais, como ocorria no período da escravidão”, afirma a filósofa Shirley Miranda, também professora da FAE. Ela também comenta o desnível identificado na presença de negros e brancos na educação, mas ressalta a importância da política de cotas e o avanço com a recente aprovação da medida também para a pós-graduação da UFMG.

          A coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-brasileira (Cenarab), Makota Célia Gonçalves, explica como esse preconceito afeta o negro não só no mercado de trabalho e na educação, mas também em esferas pessoais. “Isso fere nossa subjetividade. O racismo brasileiro não tem nada de gentil. Ele é perverso. Em um desses casos, uma moça negra teve seu turbante puxado por um senhor quando ia pegar o ônibus. Em outro, o mesmo ocorreu em um baile de formatura. Estamos vivendo em uma sociedade que alimenta o ódio por estar incomodada com a perda de privilégios históricos, já que negros vêm disputando vagas e postos de poder antes não ocupados por essa população”, afirma. Ela diz, no entanto, como ainda há desafios. “O primeiro deles é vencer o preconceito. As pessoas precisam parar de nos ver de forma estereotipada, como se o negro só jogasse capoeira, andasse em rodas de samba ou em postos de trabalho inferiores. Estamos alcançando novas possibilidades e isso deve ser respeitado”, cobra.

 

Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/07/23/interna_gerais,885946/negros-ainda-sofrem-desigualdade-no-mercado-de-trabalho.shtml