VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: TIPOS DE VARIAÇÃO.
Como é sabido, a língua é um instrumento de comunicação, já que é composta de regras gramaticais que possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e compreender-se. Assim, a língua, pertence a um conjunto de pessoas para que estas possam se comunicar, o que comprova seu caráter social.
Nesse sentido, sabe-se, por meio da Sociolinguística, que todas as línguas mudam. A cada situação de fala, cada falante recria a língua e cada um diz as coisas de determinada maneira, porque é daquela maneira que se costuma dizer. A língua está sempre sendo recriada e inovada, embora nem toda inovação seja mantida. De acordo com a perspectiva variacionista, toda mudança está ligada, necessariamente, à variação, ou seja, a mudança é gradual.
Dessa forma, as línguas são consideradas heterogêneas porque apresentam variações, assim como a sociedade também apresenta a heterogeneidade. Isso é explicado pelo ponto de partida da Sociolinguística ser a comunidade linguística, que é entendida como o conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas com respeito aos usos linguísticos.
Durante o estudo de uma comunidade linguística, pode-se perceber a existência de diversidade ou variação no modo de falar. Estas maneiras diferentes de falar chamam-se variedades linguísticas, e ocorrem dentro de uma mesma comunidade de fala, pois pessoas de origem geográfica, de idade e de sexo diferentes falam distintamente e, assim, os falantes adquirem as variedades linguísticas.
É perceptível que a língua não é utilizada da mesma forma pelos falantes. Alguns fatores podem influenciar o emprego da língua, como a região geográfica, as identidades sociais, as situações sociais, os jargões profissionais, etc. Cada um deles gerará uma variação linguística diferente do idioma.
Tipos de variação:
1. Variação diacrônica ou histórica
A língua varia no tempo e essa variação passa a ser notada ao comparar dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual, ou seja, não acontece de repente.
Uma língua muda porque é falada segundo os costumes, a cultura, as tradições, a modernização tecnológica e o modo de viver da população, que estão sempre em constante processo de mudança devido ao tempo. Por isso, as mudanças da língua podem ser percebidas com o contato com pessoas de outras faixas etárias e com textos escritos ou falados de outras épocas.
O pronome tu, por exemplo, antigamente, era o único pronome de segunda pessoa do singular; entretanto, com o tempo, outras formas de tratamento surgiram, como Vossa Mercê e Vossa Majestade. A palavra “vossa mercê” se transformou sucessivamente em “vossemecê”, “vosmecê”, “vancê” e “você”. Além disso, ao longo do tempo, algumas palavras tiveram alteração na pronúncia, mas não na escrita, enquanto um mesmo som pode ser apresentado com diferentes representações.
2.. Variação diatópica ou geográfica
A língua varia no espaço pois pode ser empregada diferentemente dependendo do local em que o indivíduo está. A variação diatópica diz respeito justamente às diferenças linguísticas que podem ser vistas em falantes de lugares geográficos diferentes. Por isso, é mais observada em locais diferentes mas com falantes da mesma língua.
A macaxeira, por exemplo, muito consumida no Norte e no Nordeste, é chamada de aipim ou mandioca no Sudeste. Outro exemplo é a palavra “mexerica”, que, em algumas regiões, é conhecida como “bergamota” e, em outras, como “tangerina”. No entanto, essa variação não se trata apenas de uma variação no léxico: questões fonéticas e gramaticais também são amplamente consideradas. No que se refere à sintaxe, nota-se que é grande a recorrência de alguns termos sintáticos, como, por exemplo, “vou não” em vez de “não vou” e “é não” em vez de “não é”.
São diversos os exemplos desse tipo de variação. Muitos deles são apropriados pelas diferentes regiões, tratando-se apenas de variações bem-conhecidas. No entanto, há casos de desconhecimento e dificuldade de comunicação devido à divergência dos termos para um mesmo significado.
3. Variação diastrática ou social
A língua varia de acordo com fatores sociais. A variação social está relacionada a fatores como faixa etária, grau de escolaridade e grupo profissional e é marcada pelas gírias, jargões e pelo linguajar singelo, já que são aspectos característicos de certos grupos.
3.1 Fator da escolaridade
Este fator se liga a uma categoria essencial, que é a educação. Na escola, aprende-se a usar a língua em situações formais de acordo com a “norma padrão” ou “norma culta”. Esta norma está ligada ao conjunto de usos e costumes linguísticos que rege qualquer língua e é tão indispensável quanto as variações linguísticas: se na fala escolhe-se um vocabulário coloquial, menos preocupado com as regras gramaticais, na escrita deve-se optar pela linguagem padrão, pois um texto repleto de expressões informais pode não ser acessível para todos os tipos de leitores.
4. Variação diafásica ou situacional
A língua varia de acordo com o contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina o modo de falar, que pode ser formal ou informal. Esta variação, portanto, refere-se ao registro empregado pelo falante em determinado contexto interacional, ou seja, depende da situação em que a pessoa está inserida.
Em uma palestra, por exemplo, um professor deve utilizar a linguagem formal, isto é, aquela que respeita as regras gramaticais da norma padrão. Por outro lado, em uma conversa com os amigos, esse mesmo professor pode se expressar de forma mais natural e espontânea, sem a obrigação de refletir sobre a utilização da língua de acordo com a norma culta. Nesse mesmo sentido, deve-se reforçar que a linguagem usada na internet e em um texto formal deve ser diferenciada: enquanto, na internet, é permitido o uso de abreviações e o uso de “pra” no lugar de “para”, em uma redação, isso é proibido, uma vez que é um texto que exige a norma culta da língua.
Sugestão de vídeo complementar:
ATIVIDADE DE AVERIGUAÇÃO DA APRENDIZAGEM
RESPONDAM A ATIVIDADE NO PREFERENCIALMENTE PELO GOOGLE FORMS, OU COPIAR AS RESPOSTAS NO CADERNO E ENVIEM POR MEIO DE FOTOS, MENSAGENS PARA MEU WHATSAPP ATÉ DIA 07/08/2020 (SEMPRE DAS 08H ATÉ 18H).
NÃO ESQUEÇA DE COLOCAR O NOME COMPLETO, SÉRIE E TURMA.
1. O termo “num”, empregado algumas vezes no diálogo do Texto 2, é exemplo de qual tipo de variação linguística?
a. Diastrática, relacionada à faixa etária.
b. Diastrática, relacionada ao sexo masculino.
c. Diafásica, relacionada às circunstâncias das interações verbais.
d. Diatópica, relacionada às diferenças linguísticas distribuídas no espaço físico.
e. Diacrônica, relacionada às transformações fonológicas por que passou a língua.
2. Leia o texto abaixo e assinale a única alternativa correta:
“Iscute o que to dizeno,
Seu dotor, seu coroné:
De fome tão padeceno
Meus fio e minha muiér.
Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
Umas tarefas pra eu!
Tenha pena do agregado
Não me dexe deserdado
Daquilo que Deus me deu”.
(Patativa do Assaré)
Esse falante, pelos elementos explícitos e implícitos no poema, é identificável como:
a) Escolarizado proveniente de uma metrópole.
b) Sertanejo de uma área rural.
c) Idoso que habita uma comunidade urbana.
d) Escolarizado que habita uma comunidade no interior do país.
e) Estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.
3. Leia a música abaixo e marque a única alternativa correta:
Esmola
Uma esmola pelo amor de Deus
Uma esmola, meu, por caridade
Uma esmola pro ceguinho, pro menino
Em toda esquina tem gente só pedindo.
Uma escola pro desempregado
Uma esmola pro preto, pobre, doente
Uma esmola pro que resta do Brasil
Pro mendigo, pro indigente (...)
(Samuel Rosa/Chico Amaral)
A música registra um pedido de esmola, em que o eu - lírico utiliza uma linguagem:
a) Pouco compreensiva, já que contém vários erros de gramática.
b) Coloquial, crítica, compreensiva, comunicável.
c) Imprópria para os poemas da literatura brasileira.
d) Crítica, porém não-coloquial.
e) Descuidada e cheia de repetições.
4. Cite 10 formas de variações linguísticas próprias da região de Simão Dias. Podem ser 10 palavras, frases ou expressões que são faladas em nossa região.
5. Identifique quais características abaixo faz com que as pessoas falem de maneira semelhante.
a. Nível de escolaridade diferentes;
b. Diferença na regionalidade;
c. Grupo ou classe social diferentes;
d. Mesma idade, Cultura e ambiente vivido.
6. O principal papel da língua independente dos variantes linguísticos é:
a. ser formal e entendível.
b. ser informal e legível.
c. comunicação
d. produzir textos orais.
7. Leia:
Até quando?
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto
a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.
8. Qual forma de variação linguística é relatada abaixo na charge :
a) Escolaridade.
b) Regionalidade.
c) Classe social.
d) Idade
9. Chico Bento é um personagem fictício, porém ele se assemelha muitos com alunos de Zonas Rurais do pais inteiro.
Você acredita que Chico Bento se assemelha com os alunos dos povoados de Simão Dias ? Justifique.