3º ANO A - 1ª ATIVIDADE DE BIOLOGIA & 1º EXERCÍCIO
(4ª Fase das Atividades Remotas)
Sangue e Imunologia: Tecido sanguíneo; células sanguíneas;
células de defesa; imunidade ativa e imunidade passiva; IGg e IgM; HIV e Aids.
O SANGUE
O sangue é constituído por uma parte líquida, o
plasma e por elementos figurados, células chamadas de hemácias,
leucócitos e plaquetas. Existem cinco tipos de leucócitos
(ou glóbulos brancos): neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e
monócitos. Os leucócitos, que participam da defesa do organismo contra agentes
infecciosos e toxinas, originam-se na medula vermelha dos ossos e nos órgãos
linfoides (baço, timo e linfonodos). As plaquetas (ou trombócitos)
são fragmentos anucleados que se destacam de megacariócitos. Os megacariócitos
são células encontradas na medula vermelha dos ossos. As plaquetas participam
da coagulação do sangue. As hemácias (também chamadas eritrócitos
ou glóbulos vermelhos) são responsáveis pelo transporte de oxigênio adquirido
dos órgãos respiratórios - como brânquias e pulmões – até outros órgãos do
corpo do organismo. As hemácias contêm uma substância chamada de hemoglobina.
A hemoglobina é responsável por se ligar ao oxigênio para seu transporte. Baixas
taxas de hemoglobina no sangue é denominada de anemia.
As hemácias são formadas na medula óssea
vermelha e ficam na circulação por cerca de 120 dias apenas. A destruição das hemácias
é dada principalmente no baço. Nos mamíferos as hemácias são anucleadas (sem
núcleo) e possuem formato bicôncavo (Figura 1A e 1B).
Figura 1 – (A, acima) Os três grupos principais de células
sanguíneas. As plaquetas possuem papel no processo de coagulação do
sangue. Um paciente com baixos níveis de plaquetas no sangue está mais suscetível
a ter hemorragias. As hemácias transportam oxigênio pela hemoglobina,
substância vermelha que possui ferro em sua composição. Os linfócitos participam
do complexo sistema de defesa do organismo contra invasão de agentes internos,
como vírus, fungos e bactérias. (B, abaixo) Células sanguíneas
vistas ao microscópio óptico.
MECANISMOS
DE DEFESA
Quando ocorre a entrada de agentes estranhos
no organismo, por um corte, por exemplo, determinadas células liberam substâncias
que provocam dilatação das arteríolas (artérias de baixíssimo calibre), com
saída de líquidos desses vasos. Tal processo ocasiona vermelhidão, inchaço,
aumento da temperatura e da dor, características essas da inflamação.
Pode ocorrer também a migração de glóbulos brancos (principalmente neutrófilos)
para os tecidos, através da parede dos capilares, chamada de diapedese.
Há então um combate entre as células
de defesa do nosso corpo e os agentes invasores. As células responsáveis por
esse confronto são os fagócitos: neutrófilos e macrófagos. Derivado destas
reações, há geralmente a produção de pus, um concentrado de células brancas
mortas e agentes infecciosos. Se o processo inflamatório sozinho não for
capaz de combater a infecção, entra em ação a resposta imune, que é mais
específica e elaborada.
RESPOSTA
IMUNE
De início podemos citar duas formas
pelas quais podemos considerar a imunidade. A imunidade humoral, mediada
por substâncias chamadas de anticorpos e a imunidade celular,
caracterizada pela ação de células, a saber: os linfócitos e as células
apresentadoras de antígeno. As células apresentadoras de antígeno normalmente
são macrófagos e fazem o reconhecimento de substâncias estranhas no organismo.
Na resposta imune, as células
apresentadoras de antígeno, por sua vez, estimulam os linfócitos T4 a liberarem
novas substâncias, ditas interleucinas e interferons. As
interleucinas e interferons estimulam mais células de defesa. Quando estimulados,
os linfócitos B convertem-se em plasmócitos e iniciam a produção
de anticorpos. Neste ponto, cabe uma breve explicação sobre duas
palavras-chave: antígeno e anticorpo. Antígeno é qualquer
substância capaz de produzir uma resposta no sistema imune se ligando a um
anticorpo. Moléculas presentes em vírus, bactérias, fungos e protozoários são comumente
conhecidos como antígenos. Já os anticorpos são glicoproteínas plasmáticas
que interagem de maneira específica com determinado antígeno que determinou sua
produção.
A ligação antígeno-anticorpo
possui elevada especificidade, ou seja, cada anticorpo liga-se a um
antígeno. A resposta humoral desencadeada contra um antígeno não é eficaz
contra outro. Por exemplo: os anticorpos que atacam o vírus da rubéola não
atacam o vírus do sarampo. Certas infecções, a exemplo da rubéola, deixam o
organismo imune a determinada doença. Na primeira exposição a um antígeno, os
anticorpos são produzidos lentamente, porque surgem células de memória.
Ainda no exemplo da rubéola, uma criança exposta pela primeira vez ao vírus da
rubéola demora a produzir anticorpos, porém a imunidade resultante pode ser
permanente, pois células de memória imunológica são produzidas. Em um possível
segundo contato com mesmo vírus da rubéola a produção de anticorpos é rápida e
intensa, o que impede a manifestação da doença (Figura 2).
Figura 2 – Após o primeiro contato com o vírus da
rubéola, o organismo demora algumas semanas para produzir anticorpos
neutralizadores (resposta primária), o que leva a manifestação da doença. Em um
segundo contato com o mesmo vírus da rubéola, a produção de anticorpos se dá
mais intensa e rapidamente (resposta secundária), inativando o vírus antes que ele
cause alguma manifestação da doença.
IMUNIDADE
PASSIVA
Ocorre imunidade passiva quando um
organismo que não produziu anticorpos se torna protegido, recebendo anticorpos
já prontos. A ação desses anticorpos se inicia rapidamente, porém desaparece
depois de semanas ou meses. Através da placenta, anticorpos são transferidos
para o feto, que nasce protegido contra várias doenças infecciosas, como a
rubéola a caxumba e o sarampo. Depois do nascimento a concentração de anticorpos
recebidos da mãe diminui progressivamente até que desaparecem, quando então as
crianças se tornam susceptíveis a tais doenças.
O leite materno é também um agente
de proteção dos recém nascidos contra doenças. O leite contém anticorpos que
revestem o tubo digestório e dificultam a proliferação de bactérias patogênicas.
Nos primeiros dias depois do parto, as glândulas mamárias produzem ainda o colostro,
secreção rica em anticorpos. A imunidade resultante da aquisição de anticorpos
por via transplacentária e pelo leite materno é exemplo de imunidade passiva
natural.
Existem formas artificiais de fornecimento
de anticorpos. Eles podem ser obtidos de plasma humano, sendo conhecidos como imunoglobulinas.
A imunoglobulina antitetânica, por exemplo, é obtida dessa forma e ode inativar
rapidamente a toxina tetânica, antes que ela lese o sistema nervoso do
paciente. Os soros contra peçonha de serpentes e outros animais, como aranhas e
escorpiões são obtidos geralmente do sangue de cavalos previamente inoculados
com a peçonha e que passam a produzir anticorpos. Posteriormente, é extraído parte
do sangue do animal e o soro rico em anticorpos é separado. Tais anticorpos possuem
alto poder de inativação da peçonha.
A imunoglobulina antitetânica,
derivada de sangue humano, é uma imunoglobulina homóloga. O soro
antiofídico, o antiescorpiônico, o antidiftérico e o antirrábico, obtidos de
sangue de outros animais, contêm imunoglobulinas heterólogas. A
administração de imunoglobulinas homólogas ou heterólogas confere imunidade passiva
artificial. Como a ação das imunoglobulinas é imediata, elas são usadas no tratamento
de doenças. Sua ação, no entanto, não é duradoura, pois elas desaparecem da
circulação dentro de algum tempo.
IMUNIDADE
ATIVA
Ocorre imunidade ativa quando o
próprio organismo produz anticorpos. Isso acontece quando entramos em contato
com algum agente infeccioso, como um vírus e o corpo reage produzindo
anticorpos contra tal agente. Esse é um exemplo de imunidade ativa natural.
A vacinação confere imunidade ativa artificial e consiste na administração de
antígenos modificados, mortos ou atenuados, incapazes de causar doenças, mas
que ainda estimulam a produção de anticorpos e a aquisição de células de memória.
A produção de anticorpos
desencadeada elas vacinas segue os primeiros passos de um primeiro contato
natural com o antígeno. Como a resposta é lenta, as vacinas não são geralmente
utilizadas no tratamento de doenças. Mas como induzem uma resposta imune
duradoura no corpo do paciente, as vacinas são utilizadas na prevenção de doenças.
Recentemente, com a pandemia do COVID-19
(ou o novo coronavírus) foi popularizado um teste de sangue para a detecção de
anticorpos para o Covid. Nesse exame há a detecção da presença de duas imunoglobulinas:
IgG e IgM. Vocês sabem o que essas siglas significam? Assistam a vídeo-aula 1,
abaixo, sobre essas imunoglobulinas.
Sobre a utilização de soros e
vacinas, veja a vídeo-aula 2:
HIV
– AIDS
O HIV - sigla para human
immunodeficiency virus, ou vírus da imunodeficiência humana – é o vírus causador
da AIDS sigla em inglês para a expressão síndrome da imunodeficiência adquirida
(em português SIDA). Vale a pena ressaltar que conviver com o vírus do
HIV não significa necessariamente ter Aids. Uma pessoa que convive com o vírus
HIV pode ter uma vida normal e saudável enquanto a Aids é um estágio avançado
da infecção pelo HIV, onde a imunidade do paciente já está debilitada pela ação
do vírus. Vamos ver abaixo algumas caraterísticas do HIV, como uma pessoa pode
se infectar com ele e como ele age debilitando o sistema imunológico de uma pessoa.
O HVI é um retrovírus, cujo
material genético é constituído por RNA. Um retrovírus é um vírus capaz de produzir
DNA a partir de RNA pela ação de uma enzina denominada transcriptase reversa.
Na natureza, o processo no qual RNA é gerado a partir de DNA é chamado de
transcrição. No caso dos retrovírus, acontece justamente o oposto: DNA é
produzido a partir de uma fita simples de RNA. A infecção do HIV no corpo
humano inicia-se com a ligação do HIV a receptores específicos localizados na
membrana das células, principalmente Linfócitos T4 (ou CD4),
macrófagos e monócitos. A imunossupressão causada pelo HIV é proveniente da
destruição de grande quantidade de células CD4, que coordenam a resposta
imunológica (Figura 3). Com isso o paciente infectado se torna
vulnerável a microrganismos oportunistas. Tais microrganismos, em
pessoas com imunidade não afetada, possuem baixa capacidade de ocasionar uma
doença (patogenicidade).
Figura 3 – Variação da concentração de vírus e anticorpos
ao longo do tempo após a infecção pelo HIV.
O período de incubação do HIV é de
cinco anos, em média, mas varia de acordo com a forma de transmissão e com a
existência de fatores concomitantes. Os testes como o Elisa e o Western blot,
detectam a presença doa anticorpos anti-HIV. Como os anticorpos surgem entre
algumas semanas ou meses depois a infecção, a pessoa infectada pelo HIV pode
ter resultado negativo da presença do vírus no organismo em exames habituais.
Esse fato é denominado de janela imunológica, na qual o paciente possui
o vírus HIV circulando no organismo, porém ainda apresenta um resultado negativo
nos testes de detecção de anticorpos.
No tratamento da infecção pelo HIV,
usam-se drogas antivirais, ou seja, que atacam diretamente a multiplicação do
vírus no organismo. São utilizadas associações de medicamentos chamados de inibidores
de transcriptase reversa, que impedem a replicação viral e os inibidores
de protease que impedem a maturação do vírus.
A transmissão do HIV da mão para o filho é denominada transmissão
vertical. A transmissão vertical se dá através da placenta, durante a gestação
ou pelo parto e aleitamento. Uma gestante que descobre ter o HIV, deve buscar
imediatamente a ajuda de profissionais de saúde para que a utilização de
medicamentos que diminuem a probabilidade de o feto ser contaminado. A criança
pode, assim, nascer sem o vírus no organismo.
A chamada transmissão horizontal do HIV se dá de adulto
para adulto, principalmente pelo sexo (anal, oral ou vaginal); pelo compartilhamento
de seringas, agulhas ou objetos pontiagudos e pela transfusão de sangue ou
derivados do sangue, como o plasma. A melhor forma de proteção contra a
contaminação do HIV e qualquer outra infecção sexualmente transmissível é a informação.
Informe-se sobre formas de contágio, tire suas dúvidas com profissionais
capacitados, desconfie de notícias passadas por redes sociais. Lembrando que qualquer
pessoa pode ser contaminada com o HIV, independente da orientação sexual,
identidade de gênero, estado civil (solteiros, casados ou enrolados rsrsrs), grupo
étnico e credo religioso, desde que se exponha a comportamentos de risco como fazer
sexo sem preservativo.
Sua saúde merece a devida importância, se cuide e cuide de
quem você ama sempre!
Bons estudos!!
Vinicius Reis