LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Faz parte da literatura brasileira contemporânea às
obras do final do século XX e
da primeira metade do século XXI,
esse período é caracterizado por uma grande quantidade de tendências.
A literatura
brasileira contemporânea compreende um grupo de características de distintas escolas literárias anteriores,
revelando assim, uma multiplicidade de tendências que irão inovar a poesia e
a prosa do
período.
Várias
especificidades da literatura brasileira contemporânea estão associadas com
o movimento modernista, por
exemplo, a ruptura com os valores tradicionais. Todavia, a identidade nesse
período não é mais uma busca, sendo revelada através de uma crise existencial
do homem pós-moderno.
A literatura
brasileira contemporânea da primeira metade do século XXI está diretamente
associada às tendências que foram criadas na segunda parte do século XX. Metalinguagem, experimentalismo formal,
engajamento social, mistura de tendências estéticas são algumas marcas dos
textos contemporâneos.
Características da literatura brasileira contemporânea
Veja a seguir as
características principais da literatura brasileira contemporânea:
• Mistura de
tendências estéticas (ecletismo);
• Junção da arte
erudita e da arte popular;
• Prosa histórica,
social e urbana;
• Poesia
intimista, visual e marginal;
• Temas cotidianos
e regionalistas;
• Engajamento
social e literatura marginal;
• Experimentalismo
formal;
• Técnicas
inovadoras (recursos gráficos, montagens, colagens, etc.);
• Formas reduzidas
(minicontos, mini crônicas, etc.);
•
Intertextualidade e metalinguagem.
Contexto histórico da literatura brasileira contemporânea
Nas últimas
décadas, o Brasil passou por uma fase de grande desenvolvimento tecnológico e
industrial. No entanto, na mesma época ocorreram várias crises no meio político e social.
Nos anos
60 - época do governo democrático populista de
Juscelino Kubitschek - ocorreu una grande efervescência política e econômica,
com grande reflexo cultural: Bossa
Nova, Cinema Novo, teatro de Arena, as Vanguardas, e a
Televisão.
A crise provocada
pela renúncia do presidente Jânio Quadros e o golpe militar que tirou João Goulart do poder encerraram essa
efervescência, promovendo um
ambiente de censura e medo no país.
Publicação do
AI-5; fechamento do Congresso; jornais censurados, revistas, filmes, músicas;
perseguição e exílio de intelectuais, artistas e políticos foram alguns
acontecimentos políticos da época. Por conta disso, a cultura foi obrigada a usar disfarces, ou
recuar.
O tricampeonato
da Copa
do Mundo de Futebol, em 1970, foi capitalizado pelo regime militar e
uma onda de nacionalismo se alastrou pelo Brasil inteiro.
Em 1979, uma das
primeiras medidas do presidente Figueiredo foi validar a Lei da Anistia, possibilitando o
retorno dos exilados. Essa medida presidencial fez ressurgir o otimismo e a
esperança daqueles que não concordavam com a política praticada pelos militares
daquele período.
Nos anos 80
começou uma mobilização popular pelo retorno das eleições diretas, o que só aconteceu em 89, com a
posse de Fernando Collor de Mello,
cassado em 1991.
Em 1995, Fernando Henrique Cardoso assumiu
a presidência do país.
Autores da literatura brasileira contemporânea
Conheça a seguir
alguns dos autores da literatura brasileira contemporânea e suas obras:
Ariano Suassuna
Esse autor
escreveu o “Auto da Compadecida”
(1955) e “O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”
(1971).
Antônio Callado
Antônio Callado
foi autor dos romances “A Madona de Cedro” (1957) e “Quarup” (1967); e as obras
de dramaturgia “O tesouro de Chica da
Silva” (1962) e “Forró no Engenho Cananeia” (1964).
Adélia Prado
Dentre as
produções de Adélia Prado destacamos o livro de poesias “Bagagem” (1976) e o
romance “O Homem da Mão Seca” (1994).
Cacaso
Esse autor foi
responsável pelos livros de poesias “Na corda bamba” (1978) e "Mar de
Mineiro" (1982).
Caio Fernando Abreu
Esse autor
produziu contos, romances, novelas e obras de dramaturgia, das quais se
destacam: o livro de contos “Morangos Mofados” (1982) e o romance “Onde Andará
Dulce Veiga?” (1990).
Carlos Heitor Cony
Carlos Cony
produziu contos, crônicas, romances, ensaios, obras infanto-juvenis, roteiros
de cinema, telenovelas, documentários, dentre outras obras. Dentre duas obras
podemos destacar os romances “Pessach: a travessia” (1975) e “Quase Memória”
(1995).
Cora Coralina
As principais
obras de Cora Coralina foram o livro de poesias “Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais” (1965) e o livro de
contos “Estórias da Casa Velha da Ponte” (1985).
Dalton Trevisan
Dalton escreveu o
livro de contos “O Vampiro de Curitiba” (1965) e a recente obra de minicontos
denominada “111 Ais” (2000).
Lya Luft
Lya tem um grande
número de obras literárias desde romances, poesias, contos, ensaios e livros
infantis das quais podemos destacar: “Canções de Limiar” (1964) e “Perdas e
Ganhos” (2003).
Millôr Fernandes
As obras desse
autor repletas de ironia, humor e sarcasmo, da qual se destaca: “Hai-Kais”
(1968), “Millôr Definitivo: A Bíblia do Caos” (1994) e “A Entrevista” (2011).
Murilo Rubião
Murilo Rubião
produziu os livros “O ex-mágico” (1947), “O pirotécnico Zacarias” (1974) e “O
Convidado” (1974).
Nélida Pinõn
Nélida escreveu
várias obras das quais podemos citar o romance “A casa da paixão” (1977) e o
livro de contos “O pão de cada dia: fragmentos” (1994).
Paulo Leminski
Das obras de
Paulo, merecem destaque o livro de poesia “Distraídos Venceremos” (1987) e o
romance “Agora é que são elas” (1984).
Rubem Braga
Dentre as obras de
Rubem Braga destacam-se “Crônicas do Espírito Santo” (1984) e “O Verão e as
Mulheres” (1990).
Ferreira Gullar
Dentre os
principais livros de Ferreira Gullar destacamos o “Poema Sujo” (1976) e “Em Alguma Parte Alguma” (2010). A obra mais
conhecida desse autor é a “Teoria do não-objeto” (1959).
VIDEOAULA SUGERIDA:
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
CEREJA, William Roberto;
VIANNA, Carolina Dias. Português contemporâneo: diálogo, reflexo e uso. 1 ed.
São Paulo: Saraiva, 2016.
DE NICOLA, José.
Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 2003.
http://pessoal.educacional.com.br/up/4660001/897486/A%20prosa%20p%C3%B3s-moderna%.pdf
ATIVIDADES DE AVERIGUAÇÃO DA APREDNIZAGEM
1.
Leia um
pequeno fragmento da obra pós-modernista “A hora da estrela” de Clarice
Lispector:
Finalmente, depois de lamber os dedos, madama
Carlota mandou-a cortar as cartas com a mão esquerda, ouviu minha adoradinha?
Macabéa separou um monte com a mão trêmula:
pela primeira vez ia ter um destino. Madama Carlota (explosão) era um ponto
alto na sua existência. Era o vórtice de sua vida e esta se afunilara toda para desembocar na
grande dama cujo ruge brilhante dava-lhe à pele uma lisura de matéria plástica.
A madama de repente arregalou os olhos. —
Mas, Macabeazinha, que vida horrível a sua! Que meu amigo Jesus tenha dó de
você, filhinha! Mas que horror! Macabéa empalideceu: nunca lhe ocorrera que sua
vida fora tão ruim. Madama acertou tudo sobre o seu passado, até lhe disse que
ela mal conhecera pai e mãe e que fora criada por uma parente madrasta má.
Macabéa espantou-se com a revelação: até agora
sempre julgara que o que a tia lhe fizera era educá-la para que ela se tornasse
uma moça mais fina.
Madama acrescentou: — Quanto ao presente,
queridinha, está horrível também. Você vai perder o emprego e já perdeu o
namorado, coitada de vocezinha. Se não puder, não me pague a consulta, sou uma
madama de recursos. [...]
E eis que (explosão) de repente aconteceu: o
rosto de madama se acendeu todo iluminado: — Macabéa! Tenho grandes notícias
para lhe dar! Preste atenção, minha flor, porque é da maior importância o que
vou lhe dizer. É coisa muito séria e muito alegre: sua vida vai mudar
completamente. E digo mais: vai mudar a partir do momento em que você sair da minha
casa! Você vai se sentir outra. Fique sabendo, minha florzinha, que até o seu
namorado vai voltar e propor casamento, ele está arrependido! E seu chefe vai
lhe avisar que pensou melhor e não vai mais lhe despedir!
Macabéa nunca tinha tido coragem de ter
esperança. Mas agora ouvia a madama como se ouvisse uma trombeta vindo dos céus
— enquanto suportava uma forte taquicardia.
Madama tinha razão: Jesus enfim prestava
atenção nela. Seus olhos estavam arregalados por uma súbita voracidade pelo
futuro (explosão). E eu também estou com esperança enfim. [...]
Macabéa estava espantada. Só então vira que
sua vida era uma miséria. Teve vontade de chorar ao ver seu lado oposto, ela
que, como eu disse, até então se julgava feliz.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 7. ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. (Fragmento). Vórtice: movimento forte e
giratório; remoinho, turbilhão.
1. De acordo com o trecho é possível perceber algumas características da
personagem Macabéa. Aponte-as.
2.
Como é comum
nos textos de Clarice Lispector, há um momento de descoberta experimentado pela
personagem principal do romance. Destaque do texto o trecho em que isso aparece
e diga que descoberta foi essa.
3.
Cite
características da Literatura Contemporânea presentes no trecho acima.
4. Graciliano
Ramos em sua obra “Vidas Secas” representa com primor a miséria do retirante
ao retratar os
humanos como bichos e os bichos (a Baleia) como humanos. Faça
uma pesquisa sobre esta obra e procure explicar o motivo do autor fazer uso
deste recurso.
5. Ainda
na obra “Vidas Secas” o personagem Fabiano quer se revoltar contra as
injustiças que sofre por parte do patrão e do soldado amarelo. Ele consegue?
Justifique.