A urbanização no mundo
Nem sempre o homem habitou em cidades, os primeiros habitantes eram nômades, portanto não tinham residência fixa e viviam da caça, pesca e coleta, posteriormente deixaram essa condição para se tornarem produtores.
A partir de então o homem foi se
aglomerando em centros urbanos e desenvolvendo atividades econômicas. Sendo
assim, o processo de urbanização tem duas fases marcantes, a primeira ocorreu
com a Revolução Industrial no fim do século XVIII, esse acontecimento provocou uma
enorme migração, pessoas que habitavam áreas rurais saíram rumo às cidades, mas
isso aconteceu somente nos países envolvidos na revolução e não em escala
planetária. A segunda aconteceu após a II Guerra Mundial, mas essa não foi
motivada pela industrialização, houve um êxodo rural em massa desencadeado pelo
fascínio urbano, melhores condições de vida, oportunidades de estudo e
trabalho.
O processo de urbanização ocorreu
essencialmente pelo deslocamento de pessoas oriundas das zonas rurais em
direção às cidades, que são caracterizadas pela aglomeração de pessoas em
uma área delimitada e pela atividade produtiva, que deixa de ser agrícola para
se tornar industrial, comercial; e também pela realização de prestação de
serviços.
Esse processo não sucedeu simultaneamente
no mundo, haja vista que os países industrializados já haviam atravessado esse
período, no caso dos países em desenvolvimento e de industrialização tardia, o
crescimento urbano acontece atualmente de forma acelerada e desordenada. A
falta de planejamento urbano tem favorecido a proliferação de graves problemas,
tais como a favelização, falta de infraestrutura, violência, poluição de todas
as modalidades, desemprego e muitos outros.
Os índices de pessoas que vivem em
cidades oscilam de acordo com o continente, país e áreas internas, uma vez que
a África possui 38% de seus habitantes vivendo em cidades, na Ásia são 39,8%,
na América Latina 77,4%, na América do Norte 80,7%, na Europa 72,2% e na
Oceania 70,8%. Em outra abordagem, tomando como princípio os países ricos e
pobres, existe uma enorme disparidade quanto ao percentual de população urbana
e rural. Na Bélgica, por exemplo, 97% das pessoas vivem em centros urbanos
enquanto que em Ruanda esse índice cai para 17%.
O fenômeno da urbanização produziu
cidades cujo número de habitantes supera os 10 milhões, essas recebem o nome de
megacidades ou megalópoles como, por exemplo, Tóquio (Japão) com 35,2 milhões
de habitantes, Cidade do México (México) com 19,4 milhões, Nova Iorque (Estados
Unidos) com 18,7 milhões e mais tantas outras cidades espalhadas pelo mundo.
Quando pensamos em urbanização, a
primeira relação que nós procuramos estabelecer é com o conceito de cidade,
afinal o significado dessa palavra, em latim, é urbs. Mas afinal, o que é uma
cidade? Existem diferentes formas de trabalharmos esse conceito, mas podemos
definir cidade como sendo a concentração de um grande número de pessoas em uma
determinada porção do espaço geográfico, onde nela se estabelecem relações
sociais, econômicas e de prestação de serviços.
Podemos
definir cidade utilizando dois critérios:
- demográfico-quantitativo
- político-administrativo
De acordo com o critério
demográfico-quantitativo, a existência ou não de uma cidade está diretamente
relacionado ao número de habitantes que essa possui. Cada país pode estabelecer
um número específico para a definição de cidade. Ex: No Canadá, se um
território possuir 1.000 habitantes este já pode ser considerado uma cidade. Na
França, esse número passa para 2.000 habitantes e na Grécia, 10.000 habitantes.
Já
o critério político-administrativo, que é utilizado no Brasil, não leva em
consideração um número específico de habitantes, basta que seja sede de um
município. Ex: Rio de Janeiro (cidade) possui, aproximadamente, 16 milhões de
habitantes e Teresópolis, também no estado do Rio de Janeiro, possui cerca de
296 mil habitantes. Embora tamanha diferença populacional, ambas são
consideradas cidades.
As cidades mais antigas teriam surgido a
cerca de seis mil anos, ao logo dos vales dos rios Tigres e Eufrates, Nilo e
Indo. Nessa época, as cidades já possuíam certa importância política, econômica
e social, porém, só será a partir do século XVIII que o processo de urbanização
terá início.
O processo de urbanização está
diretamente relacionado ao aumento da população urbana em relação à população
rural. Portanto, quando a população de um determinado lugar supera os 50% do
total de habitantes, dizemos que esse espaço é urbanizado.
Por volta de 1800, apenas 3% da
população encontrava-se na área urbana. Mas a partir da 1ª Revolução Industrial
o deslocamento da população do campo para as cidades em busca de emprego
aumentou. Funcionavam como fatores de repulsão da área rural: baixos salários
agrícolas, concentração fundiária e mecanização do campo.
Em meados do século XIX, durante a 2ª
Revolução Industrial, cerca de 15% da população mundial já se encontrava
vivendo em cidades. Nos centros urbanos os fatores de atração não se resumiam
ao processo de industrialização, mas também a expansão do setor de serviços.
Atualmente, mais da metade da população mundial
vive em cidades e o modo de vida urbano-industrial foi o principal responsável
pelo deslocamento de grande parcela da população das áreas rurais. Nos países
da América do Norte e Europa, a urbanização atingiu níveis elevadíssimos.
Existem países que ultrapassam os 90% de urbanização, que é o caso da Bélgica,
como podemos observar na tabela abaixo. Já na Ásia e África, os níveis de
urbanização são muito baixos, pois a maior parte da população ainda vive na
área rural, em função da economia desses países ainda estar baseada em
atividades do setor primário.
TAXAS DE
URBANIZAÇÃO (%) |
|||||||
Países
desenvolvidos |
Países
subdesenvolvidos |
||||||
País |
1960 |
1992 |
2000 |
País |
1960 |
1992 |
2000 |
Bélgica |
92 |
97 |
97 |
Cingapura |
100 |
100 |
100 |
Países
Baixos |
85 |
89 |
89 |
Hong
Kong |
85 |
94 |
96 |
Alemanha |
76 |
86 |
88 |
Argentina |
74 |
87 |
89 |
Reino
Unido |
86 |
89 |
90 |
Chile |
68 |
84 |
85 |
Austrália |
81 |
85 |
85 |
Coréia
do Sul |
28 |
77 |
86 |
Japão |
63 |
77 |
78 |
Brasil |
45 |
76 |
81 |
Canadá |
69 |
77 |
77 |
México |
51 |
74 |
78 |
Estados
Unidos |
70 |
76 |
78 |
Malásia |
27 |
51 |
57 |
Rússia |
54 |
75 |
78 |
África
do Sul |
47 |
50 |
53 |
França |
62 |
73 |
73 |
China |
19 |
28 |
35 |
Itália |
59 |
67 |
67 |
Índia |
18 |
26 |
29 |
Nos países desenvolvidos, o processo de
industrialização passou por diferentes etapas (1ª, 2ª e 3ª Revoluções
Industriais), e foi evoluindo gradativamente. Consequentemente, o processo de
urbanização acompanhou esse ritmo de desenvolvimento, fazendo com que milhares
de pessoas fossem migrando para as cidades ao longo de todo esse processo.
Portanto, podemos concluir que a urbanização nos países desenvolvidos ocorreu
de maneira lenta e gradativa, assim como a industrialização, contribuindo para
a criação de infraestruturas urbanas.
Já nos países subdesenvolvidos, a urbanização
também acompanhou o ritmo da industrialização, porém como esse processo ocorreu
em um curto espaço de tempo, foi possível perceber que a urbanização ocorreu de
maneira rápida e desordenada. Sendo assim, as cidades que ao receberem grandes
fluxos migratórios, não se encontravam preparadas para o rápido crescimento
urbano, o que causou a formação de espaços segregados. As favelas são uma
característica marcante desses espaços, onde se observa a reduzida oferta de
água encanada, rede de esgoto e pavimentação de vias.
Outros problemas encontrados nas cidades dos países
subdesenvolvidos são: os elevados índices de desemprego; aumento da violência
urbana e da economia informal.
Nos
últimos anos, temos observado uma mudança no perfil das cidades com maiores
concentrações urbanas no mundo. De acordo com a tabela abaixo, durante a década
de 1970, as maiores concentrações populacionais encontravam-se em cidades de
países desenvolvidos. Das dez maiores concentrações urbanas seis localizavam-se
em cidades do Estados Unidos, Europa e Japão. Atualmente, essa realidade mudou.
Nas projeções feitas para 2020, das dez maiores cidades do mundo, em termos
populacionais, oito estarão localizadas em países da África e Ásia.
Maiores concentrações urbanas, 1970 e 2015 (População - em
milhões) |
|||||
1970 |
2015 |
||||
1 |
Tókio, Japão |
16,5 |
1 |
Mumbai, Índia |
28,2 |
2 |
Nova York, Estados Unidos |
16,2 |
2 |
Tóquio, Japão |
26,4 |
3 |
Xangai, China |
11,2 |
3 |
Lagos, Nigéria |
23,2 |
4 |
Osaka, Japão |
9,4 |
4 |
Daca, Bangladesh |
23,0 |
5 |
Cidade do México, México |
9,1 |
5 |
São Paulo, Brasil |
20,4 |
6 |
Londres, Inglaterra |
8,6 |
6 |
Karachi, Paquistão |
19,8 |
7 |
Paris, França |
8,5 |
7 |
Cidade do México, México |
19,2 |
8 |
Buenos Aires, Argentina |
8,4 |
8 |
Nova Delhi, Índia |
17,8 |
9 |
Los Angeles, Estados Unidos |
8,4 |
9 |
Nova York, Estados Unidos |
17,4 |
10 |
Pequim, China |
8,1 |
10 |
Jacarta, Indonésia |
17,3 |
Exercício sobre Urbanização no mundo
1-
A Revolução Industrial transformou a vida da população mundial, que passou a se
deslocar para as cidades em busca de trabalho nas indústrias. Sobre a
urbanização da população mundial, julgue as alternativas a seguir e indique a
opção incorreta:
a)
A urbanização mundial iniciou-se no Japão, principal centro industrial e
exportador do século XIX, o que promoveu a redução da taxa de mortalidade.
b)
O avanço da urbanização mundial transformou o crescimento natural ou vegetativo
da população.
c)
As condições sanitárias foram melhoradas nas cidades, tendo como consequência a
redução das doenças endêmicas e epidêmicas.
d)
A inserção, cada vez maior, das mulheres no mercado de trabalho tem reduzido
taxas de fertilidade nas populações urbanas.
2- Vivemos numa era verdadeiramente global, em que o global se manifesta horizontalmente e não por meio de sistemas de integração verticais, como o Fundo Monetário Internacional e o sistema financeiro. Muito da literatura sobre a globalização foi incapaz de ver que o global se constitui nesses densos ambientes locais.
Assinale
a alternativa que contém uma proposição coerente com os argumentos apresentados
no texto:
a)
As metrópoles não apenas sofrem os efeitos da globalização, mas são espaços que
produzem a globalização.
b)
As forças globais, tais como o FMI e os sistemas financeiros, não afetam os
ambientes locais, desde que eles sejam densos.
c)
Na escala global, os agentes operam horizontalmente, enquanto, na escala local,
os agentes operam verticalmente.
d)
A noção de escala global deixou de ter importância em geografia, já que o
global só se revela por meio do local.
e)
A globalização conferiu densidade a todos os ambientes locais, na medida em que
suas forças atingem todos os lugares.
3- Na atual fase da urbanização mundial, podemos afirmar que os principais tipos de aglomerações urbanas atualmente existentes, ou seja, aquelas cidades que estão no topo da hierarquia urbana e que protagonizam a economia mundial são:
a)
as cidades médias
b)
as metrópoles
c)
as regiões metropolitanas
d)
as cidades artificiais tecnológicas
e)
as cidades globais
4-
Níveis de urbanização baixos não significam pequena população
urbana. A China, que tem “apenas” 40% de sua população nas cidades, é o país
com a maior população urbana do planeta: cerca de 525 milhões de pessoas! As
cidades da Índia, um país com menos de 30% da população no meio urbano, abrigam
330 milhões de habitantes.
Com
a leitura do texto, podemos perceber que o melhor conceito de urbanização é:
a)
crescimento das cidades de um país em relação ao crescimento das demais cidades
do mundo.
b)
aumento do espaço físico das cidades.
c)
crescimento da população das zonas urbanas em relação às zonas rurais.
d)
aumento do número absoluto da população que vive nas cidades.
e)
crescimento do número de pessoas de um país.
5-
Analise a tabela a seguir, que apresenta as maiores concentrações urbanas em
1970 e uma projeção desta situação para 2015.
a) Em 2015, as maiores concentrações urbanas estarão localizadas, em sua maioria, em países ricos que apresentam altos índices de desenvolvimento social e humano.
b) Em 1970, as maiores concentrações urbanas localizavam-se em países
periféricos, ao contrário do que indica a projeção para 2015.
c) Em 2015, as maiores concentrações urbanas estarão localizadas em países
periféricos da África e da Ásia, o que poderá agravar problemas com habitação,
transportes e saneamento básico nessas áreas.
d) Comparando os dados de 1970 com a projeção para 2015, verifica-se o
acelerado crescimento do número de concentrações urbanas nos países
periféricos, o que indica a melhoria das condições de vida dessas populações.
e) Em 2015, as maiores concentrações urbanas estarão localizadas em países
centrais ou do Norte, seguindo uma tendência que já se apresentava desde os
anos 1970.