IV UNIDADE – AULA 3 – LÍNGUA PORTUGUESA
ARTIGO DE OPINIÃO
O artigo de opinião é um gênero argumentativo típico de jornais,
revistas e blogs. Alguns vestibulares também solicitam a produção desse tipo de
texto.
O artigo de opinião é um dos gêneros mais comuns no cotidiano das cidades.
Publicado normalmente em jornais, revistas e blogs, esse tipo de texto tem como
função apresentar e defender um ponto de vista sobre algum assunto
relevante para a sociedade. Muitas faculdades e
universidades costumam solicitar aos seus candidatos que produzam artigos de
opinião em seus vestibulares.
Características
O artigo de opinião é um gênero argumentativo, ou seja, é um
tipo de texto que defende um ponto de vista por meio de argumentos. A linguagem
usada no artigo de opinião costuma alinhar-se à norma-padrão da
língua portuguesa, haja vista que o texto deve ser compreendido por diversos
tipos de pessoas, muitas vezes de regiões completamente distintas — como é o
caso dos artigos publicados em jornais de alcance nacional no
Brasil.
Para além disso, justamente por se tratar de uma publicação da imprensa,
o assunto abordado nesse tipo de texto costuma ser de relevância
coletiva: fatos importantes, ocorridos nos dias ou semanas
anteriores, costumam ser os temas do artigo de opinião. Nesse
sentido, o gênero tem uma função social clara: promover o debate
público sobre as demandas da sociedade.
Estrutura
Por ser um texto argumentativo, o artigo de opinião apresenta três
partes fundamentais:
·
Introdução com tese
Os parágrafos iniciais de um artigo de opinião costumam ser reservados
para apresentar o assunto abordado e, além disso, o ponto de vista defendido
pelo autor. Chamamos esse ponto de vista de tese. No caso das redações
escolares e propostas de vestibulares, é comum que somente o primeiro
parágrafo da composição seja destinado para essa função, pois, nesse
tipo de produção textual, o número de linhas é restrito.
Veja, a seguir, a introdução de um artigo de opinião produzido por
Débora Diniz e Giselle Carino, publicado no jornal El País Brasil:
Violência obstétrica,
uma forma de desumanização das mulheres
A expressão 'violência obstétrica' ofende médicos. Dizem não existir o
fenômeno, mas casos isolados de imperícia ou negligência médicas. O que
aconteceu com a brasileira Adelir Gomes, grávida e forçada pela equipe de saúde
a realizar uma cesárea contra sua vontade, dizem ser um caso extremo,
escandalizado pelas feministas como de violência obstétrica. Não é verdade. A
violência obstétrica manifesta-se de várias formas no ciclo de vida reprodutiva
das mulheres. Em cada mulher insultada verbalmente porque sente dor no momento
do parto ou quando não lhe oferecem analgesia. Na violência sexual sofrida em
atendimento pré-natal ou em clínicas de reprodução assistida. No uso de
fórceps, na proibição de doulas ou pessoas de confiança na sala de parto. Na
cesárea como indicação médica para o parto seguro. A verdade é que a violência
obstétrica é uma forma de desumanização das mulheres.
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
É notável, nesse trecho inicial do texto, a presença das duas
partes fundamentais da introdução de um artigo de opinião: a apresentação
do tema — “violência obstetrícia” — e a defesa de uma
tese ou ponto de vista — “A verdade é que a violência obstétrica é uma
forma de desumanização das mulheres”.
·
Desenvolvimento com argumentação
Uma vez que a tese é apresentada na introdução do artigo de opinião, é
esperado que, nos parágrafos intermediários — também chamados de desenvolvimento —,
apresentem-se argumentos que comprovem o ponto de vista.
Um argumento costuma ter duas partes: a fundamentação e
a análise do fundamento. A primeira corresponde às informações,
fatos, dados, referências, entre outros, que o articulista busca para embasar
sua opinião; a segunda, ao trecho em que o autor relaciona explicitamente
o fundamento utilizado com a tese defendida.
Ainda seguindo o exemplo dado anteriormente, observe a seguir um dos
argumentos usados pelas articulistas Débora Diniz e Giselle Carino:
Mulheres negras, indígenas e com deficiência estão entre as mais
vulneráveis à violência obstétrica. Um estudo da Universidade de Harvard,
realizado em quatro países latino-americanos, mostrou que uma em cada quatro
mulheres vivendo com HIV/aids foi pressionada à esterilização após receber o
diagnóstico. Evidências igualmente assustadoras foram identificadas no México,
onde a Organização das Nações Unidas condenou o país pela esterilização forçada
de quatorze indígenas pelo sistema de saúde público. No Brasil, um estudo no
Mato Grosso descreveu a correlação entre etnia e morte materna — mulheres
indígenas têm quase seis vezes mais chances de morrer no parto que mulheres
brancas. Pouco sabemos da realidade de mulheres com deficiência, em particular
daquelas com deficiência intelectual. O senso comum diz que devem viver sem
sexualidade e que são incapazes de decidir suas vivências reprodutivas.
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
Nesse caso, são usados como fundamentos: um estudo da Universidade de
Harvard, outro da Organização das Nações Unidas e mais um feito no Mato Grosso.
Com base nessas pesquisas, as articulistas relacionam as
informações citadas com a tese ao afirmarem que “Pouco sabemos da realidade de
mulheres com deficiência, em particular daquelas com deficiência intelectual. O
senso comum diz que devem viver sem sexualidade e que são incapazes de decidir
suas vivências reprodutivas”.
·
Conclusão
A conclusão de um artigo de opinião costuma apresentar uma síntese
do desenvolvimento do texto e, em seguida, reiterar a tese,
agora comprovada pelos argumentos. Veja como é a conclusão do texto de Débora
Diniz e Giselle Carino:
Argentina e Bolívia também avançaram em legislações para proibir a
violência obstétrica — estar livre de violência baseada em gênero deve incluir
a violência obstétrica. É preciso avançar rapidamente neste campo, seja pela
via legal ou pela transformação dos costumes e práticas. A legislação boliviana
menciona 'violência contra os direitos reprodutivos': se devidamente interpretada,
a criminalização do aborto ou os maus-tratos sofridos pelas mulheres em
processo de abortamento nos hospitais são formas de violência obstétrica.
Meninas e mulheres forçadas, involuntariamente, ao parto e à maternidade são
casos de violência obstétrica. Por isso, às histórias de dor física ou abusos
verbais de nossas mães e avós, devemos somar as histórias da clandestinidade do
aborto — as leis restritivas de aborto atingem 97% das mulheres em idade
reprodutiva na América Latina e Caribe. Todas essas são expressões da violência
obstétrica, uma forma silenciosa e perene de violência baseada em gênero.
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
É perceptível, portanto, que a conclusão do artigo de
opinião das autoras repete resumidamente a linha
argumentativa desenvolvida no texto. Em seguida, a tese é reiterada,
agora comprovada — “Todas essas são expressões da violência obstétrica, uma
forma silenciosa e perene de violência baseada em gênero”.
Como começar o artigo de
opinião
A melhor maneira de começar um artigo de opinião é, antes de tudo,
desenvolvendo um planejamento e um projeto de texto.
Planejando e projetando antes de escrever, é muito provável que a composição
resulte-se clara, coerente e bem fundamentada.
Veja, no próximo tópico, um passo a passo de como escrever o artigo de opinião.
Passo a passo
Podemos dividir o processo de produção de texto em três
partes básicas:
·
Planejamento e projeto de texto
O primeiro passo na composição textual deve ser o da reflexão, leitura e organização das
ideias a serem desenvolvidas no texto. Nessa parte, é necessário que o autor do
artigo de opinião defina:
·
Tema;
·
Tese;
·
Fundamentos da argumentação;
·
Organização lógica do texto (aqui, define-se o que deve haver em cada
parágrafo, ou seja, qual será a trajetória discursiva usada pelo autor para
defender seu ponto de vista no texto).
Vídeoaula:
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
https://www.portugues.com.br/redacao/artigo-opiniao-.html
http://professorjeanrodrigues.blogspot.com/2018/08/proposta-de-producao-de-artigo-de.html
PROPOSTA DE PRODUÇÃO
DE ARTIGO DE OPINIÃO SOBRE LEGALIZAÇÃO DO ABORTO NO BRASIL
A
partir da leitura dos textos motivadores seguintes e dos seus conhecimentos
construídos ao longo da sua formação, redija um texto
dissertativo-argumentativo (artigo de opinião) na modalidade formal da língua
portuguesa sobre o tema “LEGALIZAÇÃO DO ABORTO NO BRASIL”.
Selecione, organize, relacione de forma coesa e coerente, argumentos e fatos
para a defesa de seu ponto de vista.
INSTRUÇÕES:
Seu
texto tem de ser escrito à tinta, na folha oficial ATRÁS.
Desenvolva
seu texto em prosa, respeitando a norma culta da língua e o gênero textual
solicitado.
O
texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado texto em branco.
O
texto deve ter, no máximo, 30 linhas.
Crie
um título.
TEXTO 1:
A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO NO BRASIL: AMAR
OU ODIAR SAÚDE A legalização do aborto, abortos
clandestinos no Brasil, fetos anencefálicos, saúde pública no Brasil, métodos
abortivos, crueldade com os nascituros, aborto e seus riscos. “Com
a visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI, encetou-se uma discussão que a
muito vem dividindo as opiniões na sociedade brasileira: A legalização do
aborto. (https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/) |
TEXTO 2:
Texto 3:
(Agência Globo – período entre
2012-2013)
TEXTO 4:
JANAÍNA
PASCHOAL FARÁ DEFESA CONTRA ABORTO NO STF No
documento, enviado ao Supremo no início do mês (julho de 2018), Janaína
questiona se “o direito das mulheres sobre seus próprios corpos justifica
impedir outras mulheres de nascer”. A professora avalia que a proibição do aborto
não diz respeito à relação entre Estado e religião: “Decidir se uma mulher
tem pleno direito de encerrar uma gravidez tem a ver com todos os seres
humanos, pois todos, por ora, passam pela fase de embrião e pela fase de
feto”, argumenta. Janaína
encerra sua manifestação afirmando: “Muito embora se repute a defesa da vida
intrauterina como decorrência da crença em Deus, a verdade é que, mesmo que
um dia se prove que Deus não existe, o direito de nascer há de ser
assegurado, pois tal direito nada tem a ver com a ideia de pecado, ou mesmo
de espírito, mas com o reconhecimento de outro limite”. (http://justificando.cartacapital.com.br) |