ESCOLA ESTADUAL FAUSTO CARDOSO
PROFESSORA GRASIELA SILVA
DATA: 12/01/20
EDUCAÇÃO FÍSICA: Futebol
O futebol é mais do que uma paixão nacional: é uma paixão mundial! Ainda que nós, brasileiros, quiséssemos que o futebol fosse uma invenção nacional, o mérito de sua criação é da Inglaterra. Esse esporte ganhou suas formas modernas no final do século XIX.
No Brasil, o futebol se firmou como um esporte de massas: embora houvesse times elitistas, a grande maioria dos times de futebol que permanece até os dias de hoje se formou a partir de grupos de trabalhadores ou de estudantes que se reuniam para “jogar bola” no campinho do seu bairro.
Uma curiosidade bastante interessante sobre o futebol nacional é que a primeira torcida organizada de que se tem notícia era composta por um grupo exclusivamente feminino. Trata-se da torcida organizada do Atlético Mineiro, cuja mãe de um dos fundadores do time, Dona Alice, fabricava bandeirinhas para que as moças, acompanhantes de seus namorados ou maridos, fossem ao estádio torcer pelo Atlético.
Hoje em dia o cenário do futebol não é mais o mesmo da época de Dona Alice: o futebol está altamente profissionalizado. Os clubes menores viraram grandes empresas que lucram significativamente com a venda de jogadores das categorias de bases. O mesmo fazem os clubes maiores, mas com um adicional: vendem craques a preços altíssimos e colocam jogadores mais novos no lugar, para que se tornem também craques. Esse mecanismo retroalimenta a indústria do futebol.
O desenvolvimento tecnológico também acompanha todo esse processo: são desenvolvidos novos materiais, cada vez mais resistentes e flexíveis, para chuteiras; materiais mais leves que auxiliam na respiração corporal durante as partidas; e bolas que, cada vez mais, diminuem seu atrito com o campo. Até esses equipamentos têm se tornado “estrelas” do futebol contemporâneo, basta olhar para o caso da bola feita especialmente para a Copa do Mundo de 2010, sediada pela África do Sul: a Jabulani. Pois é: a bola fabricada pela Adidas ganhou até nome, personificando um objeto de composição do esporte.
O resultado desse processo fica claro quando ouvimos as pessoas mais velhas, como nossos pais ou avós, dizerem que o futebol não é mais o mesmo, e que, antigamente, se jogava com amor à camisa do seu time, e não pelos altos salários pagos hoje em dia. Porém, o que eles esquecem é que quase 90% dos jogadores profissionais brasileiros recebem salários irrisórios, e que estes, ainda que almejem um ganho de salário bastante alto, jogam sim por amor ao futebol.
Ao menos aparentemente, não importa o quanto o futebol seja feito de contradições atrai as massas do mundo todo, como nenhum outro esporte faz.
QUESTÕES
1. (ENEM – 2019) Mídias: aliadas ou inimigas da educação física escolar?
No caso do esporte, a mediação efetuada pela câmera de TV construiu uma nova modalidade de consumo: o esporte telespetáculo, realidade textual relativamente autônoma face à prática “real” do esporte, construída pela codificação e mediação dos eventos esportivos efetuados pelo enquadramento, edição das imagens e comentários, interpretando para o espectador o que ele está vendo. Esse fenômeno tende a valorizar a forma em relação ao conteúdo, e para tal faz uso privilegiado da linguagem audiovisual com ênfase na imagem cujas possibilidades são levadas cada vez mais adiante, em decorrência dos avanços tecnológicos. Por outro lado, a narração esportiva propõe uma concepção hegemônica de esporte: esporte é esforço máximo, busca da vitória, dinheiro... O preço que se paga por sua spetacularização é a fragmentação do fenômeno esportivo. A experiência global do ser-atleta é modificada: a sociabilização no confronto e a ludicidade não são vivências privilegiadas no enfoque das mídias, mas as eventuais manifestações de violência, em partidas de futebol, por exemplo, são exibidas e reexibidas em todo o mundo.
BETTI, M. Motriz, n. 2, jul.-dez. 2001 (adaptado).
A reflexão trazida pelo texto, que aborda o esporte telespetáculo, está fundamentada na:
a) distorção da experiência do ser-atleta para os espectadores.
b) interpretação dos espectadores sobre o conteúdo transmitido.
c) utilização de equipamentos audiovisuais de última geração.
d) valorização de uma visão ampliada do esporte.
e) equiparação entre a forma e o conteúdo.
2. (ENEM-2017) Ao abordar o fato de, no Brasil, muitos jovens depositarem suas esperanças de futuro no futebol, o texto critica o(a)
a) despreparo dos jogadores de futebol para ajudarem suas famílias a superar a miséria.
b) garantia de ascensão social dos jovens pela carreira de jogador de futebol.
c) falta de investimento dos clubes para que os atletas possam atuar profissionalmente e viver do futebol.
d) investimento reduzido dos atletas profissionais em sua formação escolar, gerando frustração e desilusão profissional no esporte.
e) despreocupação dos sujeitos com uma formação paralela à esportiva, para habilitá-los a atuar em outros setores da vida.
3. (ENEM – 2018) A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. Ao mesmo tempo em que o esporte se tornou indústria, foi desterrando a beleza que nasce da alegria de jogar só pelo prazer de jogar. Neste mundo do fim do século, o futebol profissional condena o que é inútil, o que não é rentável, ninguém ganha nada com esta loucura que faz com que o homem seja menino por um momento, jogando como menino que brinca com o balão de gás e como o gato que brinca com o novelo de lã: bailarino que dança com uma bola leve como o balão que sobe ao ar e o novelo que roda, jogando sem saber que joga, sem motivo, sem relógio e sem juiz. O jogo se transformou em espetáculo, com poucos protagonistas e muitos espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou num dos negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado, mas para impedir que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi impondo um futebol de pura velocidade e muita força, que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia.
GALEANO, E. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM, 1995
As transformações que marcam a trajetória histórica do futebol, especialmente aquelas identificadas no texto, se caracterizam pelo(a)
a) redução dos níveis de competitividade, o que tornou o futebol um esporte mais organizado e mundialmente conhecido.
b) processo de mercadorização e espetacularização que tem possibilitado o crescimento do número dos praticantes e dos espaços usados para sua prática.
c) redução às formas mais padronizadas, seguida de uma crescente tendência ao aparecimento de regionalismos na forma de vivenciar a prática do futebol.
d) tendência de desaparecimento de sentidos sociais e estéticos, característicos nos jogos e nas brincadeiras populares.
e) processo de espetacularização e elevação dos indicadores estéticos do futebol, resultado da aplicação dos avanços científicos e tecnológicos.
4. (ENEM – 2002) Em 1958, a seleção brasileira foi campeã mundial pela primeira vez. O texto foi extraído da crônica "A alegria de ser brasileiro", do dramaturgo Nelson Rodrigues, publicada naquele ano pelo jornal Última Hora.
"Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas rolam. Convenhamos que a seleção as merece. Merece por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os olhos mortais já contemplaram, como também pelo seu maravilhoso índice disciplinar. Até este Campeonato, o brasileiro julgava-se um cafajeste nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-lhe inveja. Achava o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia inenarráveis. E, súbito, há o Mundial. Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos, britânicos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas em penca. Só o brasileiro se mantinha ferozmente dentro dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro. Por tantos motivos, vamos perder a vergonha (...), vamos sentar no meio-fio e chorar. Porque é uma alegria ser brasileiro, amigos".
Além de destacar a beleza do futebol brasileiro, Nelson Rodrigues quis dizer que o comportamento dos jogadores dentro do campo:
a) foi prejudicial para a equipe e quase pôs a perder a conquista da copa do mundo.
b) mostrou que os brasileiros tinham as mesmas qualidades que admiravam nos europeus, principalmente nos ingleses.
c) ressaltou o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros em relação aos europeus, o que os impediu de revidar as agressões sofridas.
d) mostrou que o choro poderia aliviar o sentimento de que os europeus eram superiores aos brasileiros.
e) mostrou que os brasileiros eram iguais aos europeus, podendo comportar-se como eles, que não respeitavam os limites da esportividade.
5. (ENEM – 2016) No Brasil, além de um esporte de competição, o futebol é um meio de interação social que desperta paixão nas pessoas. No trecho da letra da canção, esse esporte é apresentado como um(a)
a) modalidade esportiva técnica.
b) forma de controle da violência.
c) esporte organizado com regras.
d) elemento da identidade nacional.
e) fator de alienação social do povo.
TEXTO DISPONÍVEL EM: https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/futebol.htm
SUGESTÃO DE VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=4054oq49EEk